Fragment
do capitulo 2. Durante uma caçada e exploração do lado norte da reserve.
Tínhamos ainda uns 40 km até chegar no final da estrada. Entramos no carro e os Xavante começaram - com muita sinceridade - a conversar na sua própria língua até chegarmos a uns 10 kms à frente, onde paramos para tomar um café com o Baiano. Baiano era um velho vovô negro, com sua família e netos numa casinha de palha, à beira da mata ciliar. Tomamos café e o velho começou a falar: “Sim, chegaram aqui também uns seis dias atrás, me obrigaram a assinar com o dedo um papel, sem nem explicar o que tinha escrito nele. E me mandaram sair da casa em duas semanas, ou eles iriam acabar com todos nós”; e continuou, meio chorando: “Pegaram meu netinho na minha frente e colocaram a pistola na cabeça dele e falaram que, se não sairmos, nos matam, matando meu neto assim na minha frente primeiro”.
Puxa vida! Me arrepiei, pois sabia que eles queriam sacanear e amedrontar os pistoleiros. Um erro estúpido e a situação estaria fora de controle. Meia hora depois, chegamos na frente da casinha de conhecidos e vimos umas quatro figuras se mexendo na varanda. O Toyota foi em linha reta na direção, e vi os pistoleiros se levantando, alguns já com a mão para trás. Eles estavam, com certeza, surpresos e assustados com a aparência dos Xavante pintados, com rabinho e com cara de muito bravo. Estavam todos tensos, tanto eles como nós.
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